Notícia
Boca de Cena entrevista...Thaís Medeiros
14 Feb de 2020
Boca de Cena - Thais, nos conte um pouco sobre como tem sido dirigir O Dia em que a Minha Vida Mudou por Causa de um Chocolate Comprado nas Ilhas Maldivas
Thaís Medeiros - Dirigir esse projeto tem sido uma alegria e uma surpresa. Até conhecer a Keka Reis, autora do livro que inspirou a peça e dramaturga do espetáculo, nunca havia pensado em me aventurar na direção. De fato, foi a partir da obra dela que senti esse desejo pela primeira vez. Essa foi minha primeira direção e o primeiro texto da Keka encenado. Acho que esse fator "primeira vez" nos ajudou muito. Fomos guiadas por uma vontade imensa de fazer algo legal mas sem aquela pressão ou comparação com outros trabalhos. Além disso, fomos muito felizes na escolha dos atores, que contribuíram demais para o espetáculo ser tão bacana como é. Eu fiz questão de trazer para o projeto uma equipe de criadores com quem já tinha muita intimidade por conta da Companhia Delas de Teatro, da qual faço parte. Essa intimidade ajudou muito, até porque não tínhamos tanto tempo para os ensaios e produção. É um privilégio estar rodeada por tantos artistas maravilhosos. Estou entendendo a direção na melhor das condições e tenho achado uma delícia!
BC - Você é atriz, diretora e produtora. Quais dessas atividades você considera mais desafiadoras? Por quê?
TM - Nesse momento, dirigir tem sido um desafio enorme. Eu descobri essa possibilidade recentemente e sinto que ainda me guio muito pela intuição. Amo ser atriz e acho que sou uma diretora bem atriz. Explico: ainda penso a cena a partir do ponto de vista do ator. Foram muitos anos nesse treino, assistindo aos colegas nos ensaios, sentada ao lado dos diretores... Acho que ainda preciso amadurecer e aprender mais como encenadora. Por sorte, estou rodeada de criadores maravilhosos e muito parceiros que têm me ensinado muito.
BC - Dentre os gêneros do teatro brasileiro, quais você mais gosta de atuar? E de dirigir?
TM - Eu não tenho uma preferência por gênero. Na verdade, o que me move são as histórias que tenho vontade de levar para o palco. Talvez, pensando em retrospecto na minha trajetória, pode parecer que eu tenho uma maior inclinação para projetos destinados ao público infanto-juvenil. De verdade, eu adoro esse público. Acho que esse amor faz com que eu acabe tendo uma atenção especial para histórias com potencial para serem encenadas para crianças e jovens. Acho que o teatro infanto-juvenil (que eu considero para toda a família) muito livre e nele consigo fazer transitar entre o drama e a comédia, experimentar poesia e até discurso político. Tenho muito orgulho dos projetos destinados ao público adulto com os quais estive envolvida, realmente não tenho preferência. Eu gosto de histórias, para todos os públicos e nesse momento estou muito interessadas em narrativas femininas e feministas.
BC - Nos conte um pouco sobre sua experiência como Assistente de Direção de Nelson Baskerville.
TM - Conheci o Nelson em 1999 quando ele me deu aula no Teatro-Escola Célia Helena. Ele foi um professor maravilhoso e ficamos muito amigos na época. Desde então sempre estivemos próximos e na torcida mútua. Fiz algumas assistências para ele nesses primeiros anos, mas foi realmente em 2014 que nos reaproximamos profissionalmente. Nessa época, eu me tornei sócia da AKK (AntiKatártiKa Teatral) e produzimos espetáculos muito especiais como "1 Gaivota - É impossível viver sem Teatro", "A Vida" e "A Geladeira". Essa intensidade de convívio e afinidade artística naturalmente me levou para a posição de sua assistente em projetos fantásticos como "Os 3 Mundos", "Noite de Gala do Circo", "Whisky e Vergonha", "Ensaio sobre o Lírico", "Grande Cortejo Modernista", entre outros. O Nelson é um cara absolutamente generoso comigo e eu aprendo muito ao lado dele, acompanhando seu raciocínio, sua forma de conduzir o processo e seu olhar para os atores. Acho muito bonita essa possibilidade que o teatro nos dá de aprender com os que vieram antes. Respeito muito a trajetória dele e adoro estar ao seu lado nessas aventuras.
BC - Você considera que há incentivo suficiente para que as pessoas passem a frequentar mais os teatros no Brasil? O que poderia ser feito para melhorar ainda mais?
TM - Acho que não há incentivo suficiente e infelizmente estamos brigando por migalhas. Os editais que deveriam ser ampliados estão continuamente sob ameaça e os valores dos que ainda acontecem não são reajustados. Isso restringe nosso potencial de produção e não contempla quase ninguém. Para piorar, estamos numa fase horrível em que as pequenas conquistas estão sendo questionadas e estamos sendo descreditados e ameaçados. Nunca precisamos tanto de arte. Eu acho que as pessoas aprendem a gostar de arte e valorizar a cultura na fase escolar e precisam ser incentivadas a isso. Sinto muita falta dos projetos de circulação de espetáculos que aconteciam nos CEUs. Acho que toda ação que conecte os artistas à pessoas em fase de formação algo relevante nos dias atuais.
BC - Pode nos adiantar quais são seus próximos projetos para 2020?
TM - Além da temporada de "O dia em que a minha vida mudou..." que estamos fazendo até final de março no Teatro Alfa estamos com uma série de viagens marcadas para outras cidades do Estado. No começo de fevereiro eu estreei "Maria e os Insetos" com a Companhia Delas. É a primeira vez que eu dirijo no grupo que fundei há 18 anos. O espetáculo cumpre temporada até o final de fevereiro no SESC Consolação e depois segue para o SESC Santo André para temporada no mês março. Esse espetáculo é o segundo da trilogia "Mulheres e Ciência". O primeiro foi "Mary e os Monstros Marinhos", dirigido por Rhena de Faria e nessa peça eu estou em cena. Em abril levaremos o espetáculo ao Festival de Curitiba e faremos temporada no SESC Interlagos.
Thaís Medeiros - Dirigir esse projeto tem sido uma alegria e uma surpresa. Até conhecer a Keka Reis, autora do livro que inspirou a peça e dramaturga do espetáculo, nunca havia pensado em me aventurar na direção. De fato, foi a partir da obra dela que senti esse desejo pela primeira vez. Essa foi minha primeira direção e o primeiro texto da Keka encenado. Acho que esse fator "primeira vez" nos ajudou muito. Fomos guiadas por uma vontade imensa de fazer algo legal mas sem aquela pressão ou comparação com outros trabalhos. Além disso, fomos muito felizes na escolha dos atores, que contribuíram demais para o espetáculo ser tão bacana como é. Eu fiz questão de trazer para o projeto uma equipe de criadores com quem já tinha muita intimidade por conta da Companhia Delas de Teatro, da qual faço parte. Essa intimidade ajudou muito, até porque não tínhamos tanto tempo para os ensaios e produção. É um privilégio estar rodeada por tantos artistas maravilhosos. Estou entendendo a direção na melhor das condições e tenho achado uma delícia!
BC - Você é atriz, diretora e produtora. Quais dessas atividades você considera mais desafiadoras? Por quê?
TM - Nesse momento, dirigir tem sido um desafio enorme. Eu descobri essa possibilidade recentemente e sinto que ainda me guio muito pela intuição. Amo ser atriz e acho que sou uma diretora bem atriz. Explico: ainda penso a cena a partir do ponto de vista do ator. Foram muitos anos nesse treino, assistindo aos colegas nos ensaios, sentada ao lado dos diretores... Acho que ainda preciso amadurecer e aprender mais como encenadora. Por sorte, estou rodeada de criadores maravilhosos e muito parceiros que têm me ensinado muito.
BC - Dentre os gêneros do teatro brasileiro, quais você mais gosta de atuar? E de dirigir?
TM - Eu não tenho uma preferência por gênero. Na verdade, o que me move são as histórias que tenho vontade de levar para o palco. Talvez, pensando em retrospecto na minha trajetória, pode parecer que eu tenho uma maior inclinação para projetos destinados ao público infanto-juvenil. De verdade, eu adoro esse público. Acho que esse amor faz com que eu acabe tendo uma atenção especial para histórias com potencial para serem encenadas para crianças e jovens. Acho que o teatro infanto-juvenil (que eu considero para toda a família) muito livre e nele consigo fazer transitar entre o drama e a comédia, experimentar poesia e até discurso político. Tenho muito orgulho dos projetos destinados ao público adulto com os quais estive envolvida, realmente não tenho preferência. Eu gosto de histórias, para todos os públicos e nesse momento estou muito interessadas em narrativas femininas e feministas.
BC - Nos conte um pouco sobre sua experiência como Assistente de Direção de Nelson Baskerville.
TM - Conheci o Nelson em 1999 quando ele me deu aula no Teatro-Escola Célia Helena. Ele foi um professor maravilhoso e ficamos muito amigos na época. Desde então sempre estivemos próximos e na torcida mútua. Fiz algumas assistências para ele nesses primeiros anos, mas foi realmente em 2014 que nos reaproximamos profissionalmente. Nessa época, eu me tornei sócia da AKK (AntiKatártiKa Teatral) e produzimos espetáculos muito especiais como "1 Gaivota - É impossível viver sem Teatro", "A Vida" e "A Geladeira". Essa intensidade de convívio e afinidade artística naturalmente me levou para a posição de sua assistente em projetos fantásticos como "Os 3 Mundos", "Noite de Gala do Circo", "Whisky e Vergonha", "Ensaio sobre o Lírico", "Grande Cortejo Modernista", entre outros. O Nelson é um cara absolutamente generoso comigo e eu aprendo muito ao lado dele, acompanhando seu raciocínio, sua forma de conduzir o processo e seu olhar para os atores. Acho muito bonita essa possibilidade que o teatro nos dá de aprender com os que vieram antes. Respeito muito a trajetória dele e adoro estar ao seu lado nessas aventuras.
BC - Você considera que há incentivo suficiente para que as pessoas passem a frequentar mais os teatros no Brasil? O que poderia ser feito para melhorar ainda mais?
TM - Acho que não há incentivo suficiente e infelizmente estamos brigando por migalhas. Os editais que deveriam ser ampliados estão continuamente sob ameaça e os valores dos que ainda acontecem não são reajustados. Isso restringe nosso potencial de produção e não contempla quase ninguém. Para piorar, estamos numa fase horrível em que as pequenas conquistas estão sendo questionadas e estamos sendo descreditados e ameaçados. Nunca precisamos tanto de arte. Eu acho que as pessoas aprendem a gostar de arte e valorizar a cultura na fase escolar e precisam ser incentivadas a isso. Sinto muita falta dos projetos de circulação de espetáculos que aconteciam nos CEUs. Acho que toda ação que conecte os artistas à pessoas em fase de formação algo relevante nos dias atuais.
BC - Pode nos adiantar quais são seus próximos projetos para 2020?
TM - Além da temporada de "O dia em que a minha vida mudou..." que estamos fazendo até final de março no Teatro Alfa estamos com uma série de viagens marcadas para outras cidades do Estado. No começo de fevereiro eu estreei "Maria e os Insetos" com a Companhia Delas. É a primeira vez que eu dirijo no grupo que fundei há 18 anos. O espetáculo cumpre temporada até o final de fevereiro no SESC Consolação e depois segue para o SESC Santo André para temporada no mês março. Esse espetáculo é o segundo da trilogia "Mulheres e Ciência". O primeiro foi "Mary e os Monstros Marinhos", dirigido por Rhena de Faria e nessa peça eu estou em cena. Em abril levaremos o espetáculo ao Festival de Curitiba e faremos temporada no SESC Interlagos.